ESTATÍSTICAS
De acordo com o OIV em 2019 assistiu-se a uma queda da produção na ordem de 10% o que se poderia antecipar dada a elevada produção verificada em 2018 (depois de uma vindima de 2017 historicamente baixa). O valor, ainda sendo uma estimativa, deverá representar cerca de 263 mHl (entre 258 e 267 mHl) cerca de menos 20 mHl quando comparado com o ano anterior.
Para esta queda pesou sobretudo os baixos valores declarados no hemisfério Norte (cuja queda se situará nos -15%, comparada com os -5% do hemisfério Sul).
Espanha, com queda de 24%, França e Itália com quedas de 15% cada, determinaram o comportamento do hemisfério Norte.
Portugal, em contraciclo, apresentou um crescimento de 10%, sendo acompanhado pela Rússia (+7%) e a Geórgia (+1%).
Já no hemisfério Sul, onde a produção atingiu os 54 mHl (menos 3 mHl comparado com 2018), os 6 maiores produtores, com a excepção da RAS, que cresceu 3%, apresentam todos quedas.
O gráfico seguinte apresentado e publicado pelo OIV a 31 de Outubro, ilustra bem o comportamento da produção mundial desde 2000, com destaque, pelos elevados volumes, para 2004, 2013 e 2018, e pela negativa em 2017.

AS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES PORTUGUESAS EM 2019
As exportações totais de Vinho Português ultrapassaram os 820 milhões de euros (+ 20 milhões de euros) representando um crescimento de 2,5% face a 2018.Este crescimento deveu-se essencialmente a ganho de preço (+ 2,3%) dado que o volume teve um crescimento marginal, de 0,3%. No entanto será de notar que o aumento do preço médio se deverá mais a uma alteração do mix de produtos e menos ao aumento do preço médio de cada categoria.
Por categorias de vinhos verificam-se comportamentos dispares, com os DO a perderem volume (-2,9%) e a ganharem preço (+2,3%), enquanto nos IG assistimos a um crescimento em volume (+8,9%) e uma queda de preço (-2,2%). O Porto teve um bom ano, com crescimento simultâneo do volume (+2,8%) e do preço (+0,8%). As restantes categorias (vinho, vinho de ano e casta, espumantes e Madeira) tiveram quedas de volume e crescimentos de preço médio.
Entre o Mercado Interno e Países Terceiros, verificaram-se comportamentos distintos, com a UE a perder no volume (-7%), mas com um significativo aumento do preço médio (+7,8%), enquanto fora da EU, se assistiu ao inverso, com aumento do volume em 9,9% e queda no preço médio de 4%.
Enquanto no mercado da União Europeia apenas os IG e o Porto viram o valor da exportação aumentar, já nos Países Terceiros todas as categorias, excepto os espumantes, cresceram em valor.
Assim, e numa primeira análise, o crescimento das exportações concentrou-se fundamentalmente fora da EU, o que terá contribuído para uma maior diversificação de mercados.
Para os Espumantes 2019 foi, globalmente, um mau ano, com uma queda no valor de quase 24%, ou seja, representando menos 3 milhões no valor exportado.
Quota de exportação por categorias de vinho (valor)

No Anexo I apresenta-se uma análise detalhada das exportações e importações em 2019.
Segundo os dados provisórios publicados pelo IVV a produção na campanha 2019/2020 terá atingido os 6,5 milhões de hectolitros significando um aumento de cerca de 7% face à campanha anterior. Este crescimento de + 426 milhares de Hl foi essencialmente assegurado pela RDD, que por si só cresceu 414 milhares Hl. A 6 maiores regiões (que produzem mais de 500 mil Hl), P. Setúbal e Minho apresentaram crescimentos de 6% e 7%, respectivamente, enquanto Lisboa, Alentejo e Tejo apresentaram quedas de - 16%, - 9% e -4%, respectivamente. Nas médias e pequenas regiões a variação oscilou entre os + 132% em Trás os Montes e os - 18% no Algarve.
Enquanto no Centro-Norte do País se verificou um crescimento de 26%, nas regiões de Lisboa, Tejo e todo o sul deste rio, apresentaram uma queda de 8%.
No período de 2017/2018 a 2019/2020 verifica-se que 3 regiões, Beira Atlântico, Tejo e Lisboa, mantiveram a tendência de queda já verificada na campanha anterior. O Alentejo, embora caindo, manteve-se ainda assim acima dos volumes produzidos na campanha de 2017/2018, tendo sido a segunda maior região em volume declarado.
O gráfico abaixo, obtido a partir de dados do IVV, ilustra a variação anual das 14 regiões vitivinícolas.

Esta informação baseia-se nos dados das alfândegas dos respectivos mercados e abrange exclusivamente as importações de vinhos engarrafados. De referir que os dados de importação das alfândegas são mais correctos, pois reconhecem as entradas por origem do produto, independentemente da passagem por plataformas logísticas. Por exemplo se um vinho sai de Portugal para Hong Kong, via porto de Roterdão, o INE pode registar como expedição para os Países Baixos, no entanto a alfândega de entrada regista como Produto Português.
A título de resumo é de referir que não tendo sido um ano famoso para os vinhos portugueses, não se pode deixar de reter a influência que para tal possa ter tido o facto de a vindima de 2018/2019 em Portugal, ter sido “curta”, tendo sido de 6,1 Mhl para um valor médio de 6,6.
Notas metodológicas:
i) Por regra a “quota” é calculada com base nos dados em volume; no entanto calcular com base nos valores é também comum; aqui optei pelo cálculo com base no volume.
ii) Assim ganhou-se quota quando Portugal cresceu mais que a média do mercado ou então caiu menos que a média.
iii) O crescimento em valor mede-se pelo produto (1+ ∆ volume) x (1+ ∆ preço)
Abaixo um resumo do comportamento competitivo de Portugal em 2019.
Alemanha (bom ano para a marca)
As importações globais caíram em volume (-4,3%) mas com ganho de preço (+3,6%).
Portugal ganhou quota de mercado, crescendo 2,1% no volume e 3% no preço, mantendo a 7ª posição enquanto fornecedor, embora aqui possa ter sido influenciado por um bom crescimento em volume e preço das importações de Porto (+8,1% e +5,6% respectivamente).
Reino Unido (mau ano para os tranquilos).)
As importações globais cresceram em volume (1,7%) e com ganho de preço (+4,4%).
Portugal apenas cresceu 0,6%, perdendo quota, com ganho de preço de 14,1%, o que se deveu ao excelente comportamento do Vinho do Porto (+10% em volume), mantendo a 10ª posição enquanto fornecedor.
Rússia (excelente ano para a marca)
As importações globais cresceram em volume (16,5%) e com ganho de preço (+12,8%).
Portugal ganhou quota crescendo 39,3% em volume e preço (28,6%), mantendo a 7ª posição enquanto fornecedor.
Suíça (mau ano) 5º fornecedor
As importações globais cresceram em volume (1,6%) e com ganho de preço (+2,4%).
Portugal perdeu quota, com o volume a cair -0,4% e o preço a cair igualmente -0,5%, apesar do bom comportamento do Porto, que cresceu 8,5% e 4,3% em volume e preço, ocupando agora a 5ª posição, tendo sido ultrapassado pela Alemanha.
EUA (bom ano)
As importações globais caíram -0,1% em volume e com queda de preço de -1,5%.
Portugal ganhou quota, crescendo 5,5% em volume e preço (1,3%), mantendo a 8ª posição enquanto fornecedor. Este crescimento deveu-se sobretudo aos vinhos tranquilos que cresceram mais que o Porto (+2,7% em volume).
Canadá (bom ano para os tranquilos)
As importações globais caíram -1,5% em volume e com estabilização do preço (-0,1%).
Portugal ganhou quota, embora caindo -0,3% em volume, fortemente influenciado pela queda de Porto e Madeira, e perdendo 0,9% no preço (pela mesma razão), mantendo a 9ª posição enquanto fornecedor. Os tranquilos terão crescido cerca de 3,4% em volume com ligeiro aumento do preço em 1,4%.
Brasil (Portugal no seu pior, ganhando quota à custa do preço)
As importações globais cresceram em volume (4,0%) e com o preço a cair (-0,6%).
Portugal ganhou quota crescendo 3,9% em volume, mas com o preço a cair (-3,0%), mantendo a 3ª posição enquanto fornecedor. Os líderes, Chile e Argentina, perderam menos preço que Portugal.
China (Portugal ganhando quota à custa do preço)
As importações globais caíram em volume (-10,0%) e em preço (-14,1%).
Portugal ganhou quota com uma queda no volume de -4,2% e de -1,0% no preço, tendo subido da 10ª para a 8ª posição enquanto fornecedor, ultrapassando a África do Sul e Nova Zelândia. Igualmente Portugal alcançou o preço médio da África do Sul.
Coreia do Sul (excelente ano)
As importações globais cresceram em volume (8,9%) e com ganho de preço (+5,8%).
Portugal ganhou quota crescendo 41,6% em volume e preço (59,6%), tendo subido para 10º fornecedor e ultrapassando a África do Sul.
Hong Kong (Portugal com ganho ligeiro num mercado em queda)
As importações globais caíram em volume (-21,1%) e em preço (-28,0%).
Portugal ganhou ligeiramente quota, com uma queda no volume de -20,1% e de preço (-10,4%), mantendo a 15ª posição enquanto fornecedor.
Japão (mau ano) 11º fornecedor
As importações globais cresceram 5,9% em volume e o preço em 2,9%.
Portugal perdeu quota, crescendo 0,6% em volume e perdendo -10,4% no preço, muito influenciado pelo mau desempenho do Madeira, mantendo a 11ª posição enquanto fornecedor, embora
Março, 30, 2020